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Adoçante causa câncer?




A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou recentemente que o aspartame foi classificado como "possivelmente carcinogênico", pelo Grupo 2b da Agência Internacional de Pesquisa do Câncer (IARC), com base em "evidências limitadas" e este posicionamento vem gerando muitas dúvidas. Vamos entender qual o significado deste posicionamento?


É muito importante dizer que IARC (Agência Internacional de Pesquisa do Câncer) tem realizado essas classificações há muitos anos. Por exemplo, a carne vermelha e o trabalho noturno são considerados "provavelmente carcinogênicos" (classificação 2a), ou seja, um grau acima do aspartame. A classificação da IARC está mais relacionada ao grau de evidência do que ao tamanho do risco. Isso significa que riscos pequenos, mas comprovados, têm uma categoria mais alta do que riscos potencialmente maiores, mas com menos certeza.


No caso do aspartame, foram observadas algumas evidências em estudos com animais com genes que aumentam o risco de câncer. Esses estudos mostraram tumores em doses muito altas de aspartame, mas os resultados foram considerados inconclusivos. Além disso, em três estudos de longo prazo, foi encontrada uma "evidência limitada" de associação entre o aspartame e o câncer de fígado, embora os resultados tenham sido conflitantes. Em um dos estudos, foi observado um aumento de 6% no risco de câncer de fígado para cada lata de refrigerante com adoçante consumida diariamente, mas também foi observada uma evidência semelhante para refrigerantes com açúcar.


Outra posição da OMS afirmou que o aspartame é considerado seguro em doses de até 40mg/kg (o que equivaleria a 12-30 refrigerantes por dia ou 70 sachês/dia).


A recomendação de optar por alimentos naturais em vez de ultraprocessados continua válida, e ainda existe alguma incerteza em relação aos adoçantes artificiais e aos possíveis riscos a longo prazo. É importante não exagerar os riscos associados aos adoçantes, pois continuam sendo uma opção válida para ajudar as pessoas a consumirem menos açúcar, cujos riscos (seja por efeito direto ou pelo excesso de calorias) são mais conhecidos.


Dr. Giuliano Cigerza

CRM/RS: 31158

RQE 21218 | RQE 26814 |RQE 24057 | RQE 32679

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